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CORONAVÍRUS: Como é uma quarentena rígida


Vamos acompanhar a história e a rotina de Yanjun Wei, uma chinesa com 37 anos de idade que tenta descansar enquanto os seus filhos dormem devido a quarentena do coronavírus

Ela tem estipulado regras para as brincadeiras e também os horários para assistirem televisão.

Mas nas últimas semanas Wei incluiu mais um objetivo: Se manter saudável!

Wei está na metade de uma quarentena federal obrigatória a todos os infectados e suspeitos, há cerca de 14 dias na Base da Força Aérea de Travis, na Califórnia, após ela e a família terem sido evacuados de Wuhan, na China.


A cidade de Wuhan foi o epicentro do novo surto de coronavírus.

Em 13 de fevereiro, o COVID-19, nome do recém anunciado nome para a doença que o coronavírus causa, subiu para mais de 60.000 pessoas em 25 países e já matou, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), cerca de 1.300 pessoas.

Segundo a própria OMS, o surto de coronavírus está controlado fora da China.

Wei fica sozinha com seus filhos, Mia, de 1 ano e Rowan, de 3 anos, em seu quarto no Westwind Inn, um hotel na base da Força Aérea, junto com outros evacuados.

Eles estavam visitando seus pais em Wuhan quando a situação ficou complicada.

Eles deverão ser liberados na terça feira, se estiverem sem nenhum sintoma do vírus.

“Sorte que viemos para cá”

Seu marido, Ken Burnett, estava com a sua família na China, mas retornou antes para San Diego.

Depois que ele saiu, Wei e as crianças estavam em Wuhan quando o governo Chinês decidiu isolar a cidade.

Ken teve que entrar em contato com um senador e a Embaixada dos EUA para que fossem liberados.

“Eles estão tentando fazer com que as pessoas se sintam confortáveis”

Cuidar sozinha de duas crianças pequenas é difícil, mesmo nas melhores situações, mas mesmo como “mãe solteira” em quarentena, Wei está bastante otimista.

“Temos sorte de termos sidos encaminhados para cá. É um ótimo hotel, ouvi dizer que as instalações da outra base não são tão boas quanto as daqui”.

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O quarto é de um hotel padrão, com microondas e geladeira.

“Eles estão tentando fazer as pessoas se sentirem bem, o máximo possível. Realmente aprecio tudo o que estão fazendo por nós. Estão além das minhas expectativas”.

Uma pessoa da equipe liga constantemente para fazer o check-in e verificar se está faltando alguma coisa.

“É quase como se estivesse em um hotel de luxo com serviço de mordomo”.

Naquele dia a equipe trouxe uma alimentação especial para Gerber, o bebê recém nascido de Wei.

Reabasteceram o estoque de pomadas para assaduras, inclusive se desculpando por não ter sido a marca solicitada por Wei.

Outra pessoa da equipe também toma conta das crianças para que ela tome banho.

coronavírus

Não tão tranquilo como estar em casa…

Os funcionários desta base de apoio disseram que realmente, tem tentado ao máximo fornecer conformo para as pessoas em quarentena.

Os evacuados não ficam isolados em seus quartos o tempo todo, mas são orientados a manter uma distância de pelo menos 1 metro para outras famílias.

As crianças não devem compartilhar os seus brinquedos.

“Podemos andar pelo hotel”, diz Wei.

“Eles tem cercas do lado de fora e eu tento levar os meus filhos para uma caminhada curta do lado de fora.”

Inclusive mais algumas atividades externas são realizadas durante o dia, mas ela prefere ficar no quarto.

E para isto cita dois motivos: “No momento não tenho toda essa força extra para outras atividades. Eu conheço o meu filho, se eu o deixar brincar com outras crianças, quando tiver que retornar para o quarto ele fará muito barulho (birra)”.

Há também o desafio de manter as crianças com máscaras.


“Tentei de todas as maneiras, mas sem sucesso”, diz Wei, que sempre mantém sua máscara ao sair da sala.

Ela prefere deixar que brinquem entre si, sem deixá-los sair do quarto.

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Ex-professora de alunos na pré-escola, ela conhece bem os riscos de contaminação por germes entre as crianças.

Cada dia é bem parecido um do outro: e se resume em comida, sono e limpeza.

“Os relógios biológicos das crianças ainda não se habituaram com o novo fuso horário e costumam acordar na madrugada”.

As refeições são montadas próximo dos elevadores.

Todas as tardes, ela coloca as crianças para dormir, tentando novamente fazer com que se adaptem ao fuso horário.

“Sempre deixo que tirem uma longa soneca, de pelo menos 3 horas, e não mais que 4 horas. Depois troca as fraldas, dá leite, e logo já é hora de jantar. Ligo a TV para o meu filho mais velho, mas ele quase não assiste”.

Até cerca de 2 dias atrás, nenhum de nós apresentou os sintomas da doença.

“Fique preocupada com toda esta situação, mas estou sendo bastante racional” diz ela. “O meu último contato com o mundo exterior foi em 19 de janeiro (em Wuhan)”.

Ela acredita também que a prática do budismo tem ajudado a manter a calma.

De San Diego para Xangai. Xangai para Wuhan e Travis

Wei, seu marido e as crianças voaram de San Diego para Xangai no início de novembro.

O plano era que Burnett voltasse para os EUA para trabalhar enquanto sua família seguia para Wuhan, onde os pais de Wei vivem, para uma visita mais longa.

Wei e as crianças planejavam ficar no Ano Novo Lunar em 25 de janeiro, mas o plano se desfez dias antes, com o aumento nos casos do coronavírus.

O esforço para chegar em casa foi estressante. O marido dela chegou a organizar, por duas vezes, voos de volta. Mas ambos foram cancelados.

Ele procurou a imprensa e a senadora norte-americana Kamala Harris em busca de ajuda, quando finalmente soube que Wei e as crianças seriam evacuadas.

Mesmo assim as coisas continuaram complicadas.

A espera no aeroporto de Wuhan foi de aproximadamente 12 horas, diz Wei.

Uma vez no avião, eles ficaram sentados por mais 3 horas.

“O voo durou 14 horas”. Para conseguir manter a guarda durante cerca de 17 horas, Wei foi ao banheiro apenas 1 vez.

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Eles retornaram aos EUA no dia 05 de fevereiro.

Muitas emoções no retorno

Embora pareça calma, quando Wei começa a falar dos seus pais, do retorno a Wuhan e a impossibilidade de retornar aos EUA, ela começa a desmoronar.

Os seus pais ficaram em casa, diz ela. “Minha mãe está apenas rezando”.

Ela deixou Wuhan quando tinha 17 anos. Primeiro foi para Cingapura para estudar, depois para a Suíça para cursar faculdade.

Fez estágio em Atlanta e depois retornou para a China. Em seguida foi para o Canadá, onde conheceu Burnett.

Ela não consegue parar de pensar nos seus pais e em todas as outras pessoas infectadas.

“Todas aquelas pessoas em Wuhan, aquelas pessoas inocentes”, diz ela com voz embargada.

“A destruição não é de apenas 900 (número de vítimas no momento em que ela falava). Existem cerca de 900 famílias”

Wei e as crianças deverão ser liberadas na terça feira. Burnett voará para o Aeroporto Internacional de Sacramento, nas proximidades, e a partir daí, voarão juntos para sua casa.

O transporte da base para San Diego não é público. Já o voo da China para os EUA foi de US$ 1.000,00 por pessoa, incluindo Mia em no colo de Wei.

Assim que chegarem em casa, a primeira coisa que quer fazer em tomar um longo e demorado banho, diz Wei.

“Eu espero fazer um tratamento facial. Desde que eu era mais jovem, comecei a cuidar mais da minha pele. Hoje lavo o meu rosto todos os dias se tiver sorte…”

Burnett enviou alguns brinquedos para as crianças durante a quarentena, mas Wei diz que eles ainda não chegaram até eles. Enquanto isso, ela espera até terça feira.

“Ela é genuína e tem muita calma, além de se entusiasmar com coisas simples”, diz Burnett sobre a sua esposa.

“Nossas personalidades são diferentes, mas rimos bastante juntos. Essas são todas as razões pelas quais ela é minha esposa”


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